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DE VOLTA PARA CASA.. Olhando o mundo com os seus próprios olhos.(Paul Valéry)

DE VOLTA PARA CASA.. Olhando o mundo com os seus próprios olhos.(Paul Valéry)
Por Angélica Rizzi


Após a viagem de férias fica o convite para uma interessante viagem dentro de si mesmo. Comece pelas lembranças da infância, os amigos, o primeiro amor, a paixão não correspondida, o primeiro namorado, o marido, os amigos ou a esposa que nos fazem abdicar um pouco de nós para encontrar a mais sincera forma de amar - num se entregar sem saber, que naquele único e, profundo instante olhar existe um amor. Sentimento construído com a solidez da amizade, do respeito e do perdão. Constituído de lágrimas, riso, dor e o gozo de idas e vindas, filhos, bichos de estimação.
Neste período sabático tivemos tempo de pensar sobre mudanças, ou o que mudar?!.
E quando as crianças voltarem a escola, quando namorados, maridos, esposas, namoradas retornarem ao trabalho e a casa ficará mais vazia, a mente silenciosa , ou a vida menos agitada, tudo no seu devido lugar – concluir –se -á : -Está bom assim, se for melhor pode estragar.
Além da mente, gavetas e armários, papéis,ou guardanapos pintados a mão atirados em gavetas que precisam ser novamente examinados, esquecido e ignorados -esvaziados.
São as tais realizações em 2011?
Ás vezes, no fundo de algum móvel que receamos organizar encontra-se alguma lista de desejos, fotos e objetos que um dia foram um tônico, um elixir para o nosso rejuvenescimento por algum tempo, cristalizando nossos medos, alimentando nosso anseios.
Talvez desejos escritos em momentos de frenesi antes do décimo copo de champanha, ou a primeira lata de cerveja ou guaraná em um verão qualquer -circulados para após lembrar.
Através de frases assinaladas em uma agenda de viagem que repousa ao lado da cabeceira do quarto de dormir; ferramenta para anotar um sonho, uma idéia, um pensamento que acreditamos que nos trará sorte e espantar o azar.....
O importante que neste ano que inicia (2011) já temos tantos outros sonhos, e realizações para então fundamentar e fomentar nos espaços de reflexão “Ser ou não ser eis a questão”.. Shakespeare .”Olhando o mundo com os seus próprios olhos”..
O individuo que esteve perto do mar ou mesmo nas imagens dos versos de Vinicius na voz de Caymmi em Tarde em Itapoã a tempo de mergulhar no silêncio e calmaria que propiciam o vai e vem das ondas.E nas palavras sem sentido, ou aforismos que ficam nos escritos das areias além mar, e muito além do jardim..... (...)Quem examina de perto os seus fragmentos, às vezes concisos como enigmas, pode recortar ora passagens em que a mente humana é exaltada em si mesma como infinitamente mais rica do que a natureza(...)Paul Valéry sobre a obra de Leonardo da Vinci.
Se naquele mar e num momento infinito encontrou-se Camões, num ângulo mais próximo, sons ou fantasmas na genialidade de Fernando Pessoa ou nas nuanças de Renato Russo e suas canções.Considerando que no singelo olhar, o olhar arregalado de Rosy a filha de Ryan,
Audrey Hepburn em Bonequinha de luxo, que segue lânguido na película de William Wyler - A princesa e o plebeu.Eis a solidão voluntária, o paraíso perdido do poema de Manuel Bandeira .
Haverá muitos festejos quando Jay O Grande Gatsby, de F. Scott Fitzgerald
encontra sua amada Daisy, ou no campo de batalhas de Napoleão Bonaparte romanceado por Tolstoi em Guerra & Paz torcendo que Natacha não aceite a corte do detestável canalha Anatóli .
Le grand finale: encontrarmos nossos verdadeiros inimigos, a nós mesmos e as nossas batalhas.
Aprender todos os dias, um pouco a cada segundo; permitindo-se estar vivendo naquele momento como se fosse o último – é estar vivo.
Não existe fórmula para a felicidade, não existe amor eternizando em cartas, bilhetes e e-mails que não caia em desgraça se, somente, vivido na rotina sem amizade, paixão, e o mundo paralelo que a literatura, a música e o cinema nos oferecem como complemento e diversão.
Fazer novos amigos, conhecer outros lugares, ler outros livros e embarcar numa outra viagem nas águas douradas pelo pôr-do-sol do guaiba, na calçada da fama(leia-se Rua Padre Chagas) Olhando o mundo com os seus próprios olhos ... "Nossa Senhora de Paris" onde desfilam toda gente sob o céu mais azul dessa terra de beleza infinita...na poesia que ronda a boêmia nos bares da Lima e Silva nos jogos de domingo, ora de orgulho colorado, ora de coração vestido de azul após a vitória de um time de alma castelhana..
Há uma Porto Alegre, uma Pasárgada que existem através das lentes e das imagens que se cristalizam a cada click, nos espaços de um silêncio, na magia do movimento..
E então dentro de si mesmo, ensimesmar-se para após então amar e se reconhecer no espelho do olhar do apaixonado.
Em cada período da nossa existência estamos sempre buscando algo ou alguém que seja melhor que nós para que possamos enfim dar por encerrada a nossa caminhada, uma âncora, a conquista de Lácio “ A vitória final de Enéias”. As nossas pequenas vitórias após o descanso merecido das férias, mesmo que tenha sido um final de semana em Xangrilá, ou uma visita a algum parente no Uruguay ou na cidade natal de Iberê Camargo ou na Província de Rimini de Fellini .- olhando o mundo com os seus próprios olhos.
Fico no aguardo, agora na canção de Paulo César Pinheiro e Maurício Tapajós- (..)Pode ir armando o coreto/E preparando aquele feijão preto/Eu tô voltando/Põe meia dúzia de Brahma pra gelar
Muda a roupa de cama/Eu tô voltando(..)
(..)Un jour, tu verras, on se rencontrera/Quelque part, n'importe où, guidés par le hazard
Nous nous regarderons et nous nous sourirons/Et, la main dans la main, par les rues nous irons.
Paroles: Mouladji, G. Van Parys. Musique: Revil autres interprètes: Michel Delpech (1974)
AUTORES & LIVROS& BIBLIÓFILOS: . Caráter-Ralph Waldo Emerson
. Os Miseráveis- Victor Hugo
. Faróis-Cruz e Sousa
.Leia a íntegra do discurso de posse de Moacir Scliar na ABL.
.Em busca do tempo perdido (do francês "À la recherche du temps perdu") ,de Marcel Proust.
"A vida se contrai e se expande proporcionalmente à coragem do indivíduo."
(Anaïs Nin)
“As bibliotecas, ao longo dos séculos, têm sido o meio mais importante de conservar nosso saber coletivo. Foram e são ainda uma espécie de cérebro universal onde podemos reaver o que esquecemos e o que ainda não sabemos”.(Umberco Eco)
THE END

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